08/09/2008

O SEGREDO DO MANGÁ

Esqueça tudo o que você acha que é mangá.


Esqueça os traços complicados, esqueça a anatomia compridona, esqueça aquelas naves espaciais, aqueles robôs transformistas (ui!), tire da sua cabeça aquelas técnicas com tons de cinza de fundo (os ultrapassadíssimos Pantone).

O mangá foi, é, e sempre será, simplicidade.

Se você não sabe, fique sabendo: o mangá se originou dos desenhos animados e dos gibis estadunidenses dos anos 20.

O pai do mangá se chamava Ossamu Tezuka. Você o conhece de animes clássicos como A Princesa E O Cavaleiro, Kimba, Dom Drácula.

Tezuka começou como todo mundo: copiando o estilo de um desenhista famoso na época. Ele copiou Max Fleisher (criador do Popeye e da Betty Boop) e, depois, copiou um sujeito chamado Walt Disney.


Tezuka acrescentou ao traço americano seu próprio talento. O resultado foi um gibi ágil, inovador, para a época com enquadramentos que, até então, eram impensáveis. Tezuka acrescentou aos quadrinhos um dinamismo na narrativa visual da história sem precedentes. E, é claro, aperfeiçoou os olhos dos personagens.

O traço de Tezuka sempre foi simples. Sem delírios, sem exageros e virtuosismos que vieram depois com Katsuhiro Otomo e tantos outros.

Tezuka se centralizava em duas coisas: numa boa história. Para isso, ele ia buscar idéias em tudo que lia, de Pinóquio aos clássicos da literatura mundial, de lendas chinesas à samurais, de cowboys a guerras no espaço), etc.

Depois passava isso tudo no desenho... E na forma como que esse desenho expressava a história.


A influência maior na narrativa do Tezuka veio do cinema. Ele acrescentou ao seu estilo uma coisa chamada enquadramento. O enquadramento era quando a imagem obedecia uma sequência visual,em que o autor passava uma mensagem através de tal sequência. Podia ser uma emoção, um detalhe, um simbolismo, valia tudo. Dessa idéia em movimento, Tezuka explodiu em criatividade e foi o responsável direto por tudo que você viu em matéria de mangá.

Tezuka se mantinha dentro de três idéias: idéia de roteiro, desenho simples, sequências de imagens de acordo com o que ele desejava expressar.


Por isso lhe digo: se você quer mesmo criar seu próprio estilo de mangá, se você quer mesmo ser um bom desenhista ou roteirista (ou mesmo ambos), esqueça os mangás trabalhados, sofisticados, feitos por equipes de desenhistas japoneses.


Faça como Tezuka.

Seja simples.